sábado, 9 de abril de 2011

Coração Acorrentado






                               Coração Acorrentado




 Sofres calado e não choras,
 A esperança não vai matar-te.
 Quisera poder livrar-te
 Desta dor que te devora;
 Coração que no peito mora
 Batendo descompassado.
 Coração acorrentado,
 Ansioso por liberdade!
 Esta dor que te invade
 Resulta de algo profundo:
 É  falta de Amor que existe
 Em todo este vasto mundo.

 Sinto o ar que nos dá vida,
Poluído fazendo mal!
Esse crime ambiental
Vai ser a nossa herança,
Consequência da ganância
Deste mundo sofredor.
Cada elo é mais uma dor:
Morte, injustiça, traição,
Falsidade, calúnia, opressão,
Quantas coisas tu aguentas,
Acorrentado coração?

No tabuleiro do mundo,
Nós somos os jogadores.


                                      *** Poema - minha autoria ***

Só alguns saem vencedores
 Fazendo competição
 Com a sorte e a emoção,
 Procuram vencer as dores,
 Das horas escuras e frias,
 Fraquezas de almas vazias;
 Enxergam no fim da noite,
 O raiar de um novo dia!

 Sou livre para o infinito
 Quando encaro a vida assim.
 As dores terão seu fim,
 As correntes se romperão.
 E meu pobre coração
 Vai enfim, ver liberdade
 Em contraste com a dor,
 Verá a beleza do amor
 Expulsar toda maldade…

 A poesia me liberta
 E conduz para este meio.
 Produz um forte anseio,
 Anseio de liberdade!
 Nos versos vou caminhando,
 Passo-a-passo vou encontrando.
 As pistas para o infinito.
 A esperança então, revela
 O quanto a vida é bela,
O quanto o mundo

Nada melhor que...

...Um dia depois de outro

O dia triste, nasce bem cedo;
             lento e sofrido, inspira medo...
Dolorido, zonzo, sem graça
expulsa a paz, a dor abraça.
Que coisa triste!
Ninguém resiste sentir rancor!
Nostalgia, tensão e tédio:
não há remédio... pra certa dor
que faz chorar... que é mágoa quente,
recém saída do seu pensar.

Tão arrasada, durante o dia,
a alegria se escondeu.
Não deu as caras!...
O riso franco
deu vez ao pranto dolorido,
 que corre solto, aborrecido!
A tarde lenta, firme aguenta
o sol se pôr.

Quem sabe a noite no firmamento,
traga um alento!
Talvez a lua
me recarregue a inspiração!...
E com seus raios,
alise as curvas que a vida tem;
devolva o bem, carregue a dor,
traga amor... ao coração.

E no raiar de um novo dia,
a calmaria terá sua vez:
O pensamento fecha sua boca;
Ideias loucas vai afastando...
O sol chegando, bem de mansinho,
Traz um carinho e tudo muda...
Com nossa ajuda, o mal se cala.
E a alegria vai tomar conta do nosso dia!!...

(Iria M. Jung)


LETRAS...

Letras... Códigos organizados, disponíveis agrupamentos, enfileirados, registros de sensações, ações!... ditas e escritas: “l e t r i f i c a d a s!” Traços sigilosos que segredam o que lábios não contam... Linhas, secretas entrelinhas! Tempero de mensagem! Senhas de ousadia... de coragem! Discreta escrita que, ousada, confidencia, informa, ou, simplesmente, comunica com sintonia!... Leitura! Encontro mágico, das letras com seu leitor. Vivas formas, elegantes, formando instantes de inspiração. Viva!... o vivo inventor do vivo instrumento da comunicação!...
Iria Maria Jung – jan/2010


quinta-feira, 7 de abril de 2011

MARABÁ - Gonçalves Dias

Na ocasião da passagem dos 98 anos em 04/04/ 11, 
resgate e publicação do poema em homenagem à Marabá / PA, 
cidade que mudou o curso da minha história pessoal;
 marcou muito e alegrou meu 1984.  

Eu vivo sozinha; ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá?
Se algum dentre os homens de mim não se esconde,
— Tu és, me responde,
— Tu és Marabá!

— Meus olhos são garços, são cor das safiras,
— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
— Imitam as nuvens de um céu anilado,
— As cores imitam das vagas do mar!

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
"Teus olhos são garços,
Responde anojado; "mas és Marabá:
"Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
"Uns olhos fulgentes,
"Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!"

— É alvo meu rosto da alvura dos lírios,
— Da cor das areias batidas do mar;
— As aves mais brancas, as conchas mais puras
— Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. —

Se ainda me escuta meus agros delírios:
"És alva de lírios",
Sorrindo responde; "mas és Marabá:
"Quero antes um rosto de jambo corado,
"Um rosto crestado
"Do sol do deserto, não flor de cajá."

— Meu colo de leve se encurva engraçado,
— Como hástea pendente do cáctus em flor;
— Mimosa, indolente, resvalo no prado,
— Como um soluçado suspiro de amor! —

"Eu amo a estatura flexível, ligeira,
"Qual duma palmeira,
Então me responde; "tu és Marabá:
"Quero antes o colo da ema orgulhosa,
"Que pisa vaidosa,
"Que as flóreas campinas governa, onde está."

— Meus loiros cabelos em ondas se anelam,
— O oiro mais puro não tem seu fulgor;
— As brisas nos bosques de os ver se enamoram,
— De os ver tão formosos como um beija-flor!

Mas eles respondem: "Teus longos cabelos,
"São loiros, são belos,
"Mas são anelados; tu és Marabá:
"Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,
"Cabelos compridos,
"Não cor d'oiro fino, nem cor d'anajá."

E as doces palavras que eu tinha cá dentro
A quem nas direi?
O ramo d'acácia na fronte de um homem
Jamais cingirei:

Jamais um guerreiro da minha arazóia
Me desprenderá:
Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,
Que sou Marabá!